Com a Reforma Tributária em andamento, alguns termos passaram a aparecer com mais frequência nas discussões sobre impostos, e um deles é o imposto seletivo. Para quem vende produtos físicos ou acompanha de perto os custos do negócio, entender esse conceito desde já ajuda a evitar surpresas no futuro.
De forma geral, o imposto seletivo é um tributo criado para incidir sobre produtos considerados prejudiciais à saúde ou ao meio ambiente. Ele não substitui todos os impostos sobre consumo, nem se aplica a qualquer tipo de mercadoria. A proposta é direcionar a cobrança para categorias específicas, desestimulando o consumo desses itens.
Para lojistas e empreendedores, especialmente quem vende online, o tema merece atenção porque pode impactar preços, margens e estratégias de venda, dependendo do tipo de produto comercializado. Dito isso, é muito importante entender como o imposto seletivo funciona, quais produtos podem ser atingidos e em que momento ele entra em cena.
O que é imposto seletivo?
O imposto seletivo é um tributo criado para incidir sobre produtos específicos, geralmente aqueles considerados prejudiciais à saúde ou ao meio ambiente. Diferente dos impostos que atingem praticamente todo o consumo, ele tem um objetivo mais direcionado: desestimular o consumo de determinados itens e, ao mesmo tempo, compensar os impactos que esses produtos geram para a sociedade.
No Brasil, o imposto seletivo faz parte do novo plano do sistema tributário proposto pela Reforma Tributária. Ele não substitui impostos como o IVA (CBS e IBS), mas atua de forma complementar, sendo aplicado apenas a categorias definidas em lei. Por isso, nem todo produto será afetado por esse tributo.
Na prática, o imposto seletivo funciona como um “imposto extra” sobre produtos específicos. Quanto maior o potencial de dano à saúde ou ao meio ambiente, maior tende a ser a carga tributária aplicada. É por esse motivo que ele também é conhecido, em outros países, como “imposto do pecado”, já que costuma atingir itens como cigarros, bebidas alcoólicas e produtos altamente poluentes.
Para o empreendedor, é importante entender que o imposto seletivo não surge do nada. Ele segue uma lógica já adotada internacionalmente e tem como foco regular o consumo, não penalizar indiscriminadamente empresas ou pequenos lojistas. Ainda assim, se você vende produtos que podem entrar nessa lista, é essencial acompanhar essa mudança desde agora para ajustar preços, margens e estratégias de venda no momento certo.
Quais produtos podem ser atingidos pelo imposto seletivo
A proposta é que o imposto seletivo incida apenas sobre produtos considerados prejudiciais à saúde ou ao meio ambiente, de acordo com critérios que ainda serão definidos em lei complementar. Por isso, a lista final de itens pode mudar, mas alguns grupos já aparecem com frequência nos debates e textos da Reforma Tributária.
Entre os produtos mais citados estão os cigarros e demais produtos derivados do tabaco, que historicamente já sofrem tributação mais elevada por conta dos impactos à saúde pública. Bebidas alcoólicas também entram nesse grupo, seguindo uma lógica semelhante à adotada em outros países.
Outro segmento que pode ser afetado envolve bebidas açucaradas, como refrigerantes e produtos com alto teor de açúcar. A justificativa, nesse caso, está ligada ao incentivo a hábitos de consumo mais saudáveis e à redução de problemas associados à alimentação.
No campo ambiental, o imposto seletivo pode incidir sobre combustíveis fósseis e veículos com alto nível de emissão de poluentes. A intenção é estimular alternativas menos poluentes e alinhar o sistema tributário brasileiro a práticas mais sustentáveis.
É importante reforçar que nem todo produto vendido no comércio ou no e-commerce será impactado. A maior parte dos itens de consumo diário deve continuar sujeita apenas aos impostos gerais sobre consumo. Para o lojista, o mais importante neste momento é identificar se os produtos que você vende se enquadram, ou podem vir a se enquadrar, nessas categorias, para acompanhar a regulamentação e se preparar com antecedência.
Imposto seletivo x outros impostos sobre consumo
O imposto seletivo costuma gerar confusão porque ele não substitui os demais impostos sobre consumo. Na prática, ele funciona de forma complementar, enquanto os outros tributos continuam valendo para a maioria das vendas.
Com a Reforma Tributária, o Brasil passa a adotar um modelo de IVA dual, formado pela CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), de competência federal, e pelo IBS (Imposto sobre Bens e Serviços), de competência estadual e municipal. Esses dois impostos substituem tributos como PIS, Cofins, ICMS e ISS e se aplicam à maior parte dos bens e serviços comercializados no país.
Outro ponto importante é a relação com o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados). A tendência é que o imposto seletivo assuma parte do papel que hoje é exercido pelo IPI em determinados setores, especialmente aqueles ligados a produtos específicos e com impacto social ou ambiental. Ainda assim, o decreto final depende de regulamentação.
Outros detalhes da proposta oficial da Reforma Tributária
De acordo com a apresentação oficial da regulamentação da Reforma Tributária, divulgada no Senado Federal em agosto de 2024, o imposto seletivo foi concebido como um “tributo de caráter regulatório, e não arrecadatório”.
Outro ponto relevante é que a proposta prevê “tratamentos diferenciados conforme o tipo de produto”. No caso de tabaco e bebidas alcoólicas, por exemplo, o imposto seletivo poderá combinar alíquotas proporcionais ao valor do produto com valores fixos por unidade. Já para bens minerais, há a previsão de um teto máximo de alíquota, limitado a 0,25%, reforçando o caráter específico desse tributo.
A apresentação também destaca que as “alíquotas do imposto seletivo não estão definidas no texto constitucional”. Elas serão estabelecidas posteriormente por legislação ordinária, o que significa que os percentuais podem variar ao longo do tempo, conforme decisões do Congresso e do Executivo.
Em relação ao cronograma, o material aponta que “o imposto seletivo deve começar a ser cobrado a partir de 2027”, após um período de transição do novo sistema tributário. Esse prazo dá tempo para empresas e e-commerces acompanharem a regulamentação e ajustarem suas estratégias com mais previsibilidade.
Por fim, o documento reforça que políticas associadas à Reforma Tributária, como mecanismos de cashback voltados à população de baixa renda, “não se aplicam a produtos sujeitos ao imposto seletivo”, o que reforça o papel desse tributo como instrumento de desestímulo ao consumo.
Como o imposto seletivo impacta e-commerces
Para empresas e e-commerces, o impacto do imposto seletivo não está apenas no imposto em si, mas em como ele altera custos, preços e decisões estratégicas ao longo da cadeia de venda. Mesmo que você não seja o responsável direto pelo recolhimento, os efeitos podem chegar ao seu negócio.
Impacto no custo dos produtos
Quando um produto passa a ser tributado pelo imposto seletivo, o primeiro efeito costuma surgir no custo. Fabricantes e importadores tendem a repassar esse aumento ao longo da cadeia, o que faz o item chegar mais caro para distribuidores e lojistas, inclusive para quem vende online.
Para o e-commerce, isso significa revisar constantemente os custos de aquisição e evitar surpresas na margem de lucro.
Reflexos na precificação e na margem
Com o aumento de custo, o lojista precisa decidir se absorve parte do imposto ou se repassa o valor ao consumidor final. Essa decisão afeta diretamente a competitividade do produto, especialmente em mercados sensíveis a preço.
Gestão do mix de produtos
O imposto seletivo também pode influenciar quais produtos continuam fazendo sentido no seu portfólio. Itens com margem mais apertada podem perder atratividade, enquanto alternativas menos tributadas podem ganhar espaço.
Ou seja, para quem trabalha com um catálogo amplo, revisar o mix passa a ser uma etapa estratégica.
Organização fiscal e cadastro de produtos
Manter os cadastros atualizados, com descrições corretas e classificação fiscal adequada, ajuda a evitar erros de precificação e problemas fiscais no futuro. Esse cuidado se torna ainda mais importante à medida que novas regras entram em vigor.
No e-commerce, a padronização dessas informações facilita ajustes rápidos quando a legislação muda.
Planejamento de médio e longo prazo
O imposto seletivo tende a ser permanente para determinadas categorias. Por isso, negócios que atuam nesses segmentos precisam acompanhar a regulamentação, revisar contratos com fornecedores e ajustar estratégias de vendas e marketing conforme o cenário evolui.
Mais do que reagir ao imposto, o ideal é incorporá-lo ao planejamento do negócio.
O que empreendedores precisam acompanhar a partir de agora
Embora o imposto seletivo já esteja previsto na Reforma Tributária, muitos detalhes ainda dependem de regulamentação. Por isso, para quem empreende, especialmente no comércio e no e-commerce, o momento é de acompanhamento e planejamento, não de mudanças imediatas e precipitadas.
O primeiro ponto de atenção é a definição oficial dos produtos que serão tributados. A lista final, assim como os critérios usados para enquadramento, será definida por lei complementar. Isso significa que alguns itens hoje debatidos podem entrar, sair ou ter regras específicas, o que reforça a importância de acompanhar atualizações oficiais.
Outro aspecto relevante são as alíquotas. O impacto real do imposto seletivo só ficará claro quando os percentuais forem definidos. Dependendo da categoria, a carga tributária pode variar bastante, influenciando diretamente custos, preços e margens.
Também vale ficar atento à data de início da cobrança e às regras de transição. A Reforma Tributária prevê um período gradual de implementação, e entender esse cronograma ajuda o empreendedor a se preparar com mais tranquilidade, sem decisões apressadas.
Por fim, o apoio de um contador se torna ainda mais importante nesse cenário. É ele quem pode ajudar a interpretar a legislação, identificar se seus produtos serão afetados e orientar ajustes de precificação e planejamento tributário conforme as novas regras forem entrando em vigor.
Como se preparar para o imposto seletivo no seu negócio
O imposto seletivo é uma das mudanças mais relevantes trazidas pela Reforma Tributária, mas isso não significa que ele vá impactar todos os negócios da mesma forma. Ele foi pensado para incidir sobre produtos específicos e, por isso, muitos lojistas não sentirão efeitos diretos no curto prazo.
Ainda assim, entender o que é imposto seletivo, quais produtos podem ser atingidos e como ele se diferencia de outros tributos ajuda você a tomar decisões mais conscientes. Para quem vende produtos físicos, especialmente no e-commerce, essa informação é essencial para planejar preços, margens e o mix de produtos com antecedência.
Neste momento, o mais importante é acompanhar a regulamentação, manter a operação organizada e contar com apoio contábil para interpretar as mudanças conforme elas forem sendo implementadas.
AVISO: Este guia é apenas para fins informativos e não constitui aconselhamento jurídico ou profissional. Consulte um especialista, instituições e autoridades para obter informações específicas sobre seu local e circunstâncias. A Shopify não se responsabiliza pelo uso desses guias.
Perguntas frequentes sobre o imposto seletivo
O que é imposto seletivo?
O imposto seletivo é um tributo que incide sobre produtos considerados prejudiciais à saúde ou ao meio ambiente. Ele tem como objetivo desestimular o consumo desses itens e compensar impactos sociais e ambientais.
O imposto seletivo já está em vigor no Brasil?
Não. O imposto seletivo está previsto na Reforma Tributária, mas sua aplicação depende de regulamentação por lei complementar. As regras, produtos atingidos e alíquotas ainda serão definidos.
Todo produto vai pagar imposto seletivo?
Não. O imposto seletivo não se aplica a todos os produtos. Ele será direcionado apenas a categorias específicas, como tabaco, bebidas alcoólicas, combustíveis fósseis e outros itens definidos em lei.
O imposto seletivo afeta pequenos e-commerces?
Depende do tipo de produto vendido. Pequenos e-commerces só serão impactados se comercializarem itens sujeitos ao imposto seletivo. Ainda assim, o efeito pode ocorrer de forma indireta, por meio do aumento no custo de aquisição dos produtos.


