Como começar um negócio de importação e exportação em 6 passos?

As casas dos portugueses estão repletas de produtos fabricados noutros países: tapeçarias da Índia, calçado da Indonésia ou produtos eletrónicos feitos na China. Os quais chegam até si através de negócios de importação e exportação. São os intermediários do comércio global que ligam fabricantes a compradores em países estrangeiros, e vice-versa.

Agora imagine que um fabricante de móveis quer vender produtos em mercados estrangeiros. Uma empresa de importação e exportação pode ajudá-lo a encontrar mercados internacionais e compradores para os seus produtos.

O que é um negócio de importação e exportação?

Um negócio de importação e exportação foca-se na compra e venda de bens além-fronteiras. É necessário compreender as regulamentações comerciais, os movimentos de procura do mercado e ter uma logística eficaz para tornar as operações ágeis. Os negócios de importação e exportação bem-sucedidos sabem aproveitar as redes e relações globais para navegar por entre os desafios e capitalizar oportunidades de mercado.

Tipos de negócios de importação e exportação

Os negócios de importação e exportação facilitam o comércio internacional além-fronteiras. Os três principais tipos de negócios de importação e exportação diferem em termos de foco, métodos de pagamento e riscos assumidos:

Empresa de comércio de exportação (ECE)

Uma ECE pretende saber quais são as tendências de mercado em alta e foca-se em encontrar compradores estrangeiros. Em seguida, faz a ligação dos compradores a fabricantes nacionais que querem exportar os seus produtos. A empresa de exportação assume, habitualmente, a propriedade temporária dos bens durante o transporte e, após distribuir os produtos, recebe uma comissão.

Empresa de gestão de exportação (EME)

As EMEs trabalham em nome do vendedor. Tendem a especializar-se num nicho de produtos ou sector. Se um fabricante de móveis quiser vender noutros países, tem de pagar a uma EME para encontrar distribuidores e revendedores num mercado estrangeiro. A EME trataria então do transporte seguro e documentação. Uma EME recebe um salário, comissão ou honorários.

Comerciantes de importação e exportação

Estes intermediários independentes descobrem e compram vários tipos de produtos diretamente a uma empresa nacional ou fabricante estrangeiro e depois revendem-nos com uma margem de lucro. Neste tipo de negócio de importação e exportação, o comerciante assume a totalidade do risco, mas o potencial de lucro pode ser maior.

Como iniciar uma empresa de importação e exportação

1. Encontre o seu nicho e elabore um plano de negócios
2. Financie e registe a empresa
3. Encontre um mercado-alvo e desenvolva uma estratégia de marketing
4. Sourcing de produtos vencedores e estabelecer parcerias com fornecedores
5. Defina preços e venda os serviços
6. Organize a documentação de envio

Lançar uma empresa de importação e exportação pode ser intimidante devido às complexidades das regras e regulamentos do comércio global. Abaixo estão algumas diretrizes básicas, mas terá de fazer uma pesquisa adequada e adaptar os pormenores ao seu negócio:

1. Encontre o seu nicho e elabore um plano de negócios

Qual o sector ou produtos que lhe trazem mais inspiração? Comece por fazer o seguinte:

Pesquisa de mercado

Para determinar se os produtos que lhe interessam têm potencial de venda, use ferramentas como o Google Trends, relatórios do sector, o Índice de Potencial de Mercado da GlobalEDGE, análises das redes sociais e os dados e análises da Administração de Comércio Internacional.

Selecione um tipo de negócio adequado

Escolha o modelo da sua empresa de importação e exportação com base no tipo que melhor se alinha à sua visão — ECE, EME ou comerciante de importação e exportação.

Escreva um plano de negócios

Um plano de negócios descreve como irá lidar com a qualificação estrangeira (o registo da empresa em países estrangeiros) para que possa lá possa fazer negócios. Também mapeia os requisitos de licenciamento, seguros e autorizações. Advogados e consultores especializados em negócios internacionais podem ajudar a esclarecer os detalhes, e as agências governamentais costumam dar orientações.

2. Financie e registe a empresa

Os custos iniciais variam consoante o tipo de produto, armazenamento de inventário, localização, orçamento de marketing e despesas de viagem. Considere também os custos com salários, espaço do escritório, seguros, equipamentos de escritório, operações, distribuição e taxas logísticas para embalar, armazenar e enviar mercadorias. Terá de ter capital inicial suficiente para cobrir estes custos antes que os lucros comecem a entrar. Depois, siga estes passos:

Registe a empresa

Registe-se nas finanças em Portugal. O site está repleto de informações que pode utilizar sobre como e onde registar, consoante a estrutura e localização do negócio.

Solicite a qualificação estrangeira

Registe a empresa no país estrangeiro onde deseja operar. Normalmente, deve apresentar documentação, nomear um agente registado nesse país e pagar as taxas.

Adquira licenças de negócio

Embora muitos produtos não necessitem de uma licença para comercializar, alguns (como produtos agrícolas) exigem autorizações ou licenças adicionais de agências governamentais. Por exemplo, poderá ser necessário obter uma licença para garantir o cumprimento das normas de saúde e segurança, respeitar os regulamentos ambientais ou facilitar o processo de superar as restrições comerciais.

Registe-se como Importador de Registo (IOR)

Se pretende exportar bens de Portugal para os EUA, deve registar-se na Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA (CBP) como Importador de Registo (IOR), a fim de garantir que os bens são desalfandegados sem dificuldades. Na qualidade de IOR, será responsável pelo pagamento dos direitos aduaneiros, impostos e taxas associadas, bem como pela responsabilidade legal sobre os bens importados. Para se tornar IOR nos EUA, deverá preencher o Formulário de Identidade do Importador, conhecido como CBP Form 5106.

Obtenha um seguro aduaneiro

O ideal, para as novas empresas, é obter um seguro aduaneiro que cubra quaisquer direitos e impostos sobre remessas de bens importados no valor de 2 500 dólares ou mais.

Compre um seguro

Para proteger o seu negócio de importação e exportação, o ideal será contratar:

• Seguro de crédito à exportação, que cobre eventuais falhas de pagamento por parte de clientes estrangeiros.
• Seguro de transporte/carga, que protege contra perdas ou danos das mercadorias durante o envio.

3. Encontre um mercado-alvo e desenvolva uma estratégia de marketing

Ao fazer uma pesquisa de mercado tem de investigar o utilizador final ao qual pretende chegar. Como os negócios de importação e exportação ligam exportadores a importadores, ambos podem tornar-se potenciais clientes. Pode também visar um mercado internacional num nicho como a saúde.

Para atrair os clientes-alvo, deve estabelecer uma forte presença online e contactar diretamente fabricantes, distribuidores ou retalhistas. Por meio de chamadas telefónicas ou campanhas altamente segmentadas, deve apresentar a sua empresa, explicar o potencial dos mercados internacionais e demonstrar a capacidade de entrega de resultados.

4. Sourcing de produtos vencedores e estabelecer parcerias com fornecedores

Esta é provavelmente a parte mais divertida do negócio de importação e exportação, tem de procurar produtos para comercializar e estabelecer parcerias sólidas com um fabricante local ou estrangeiro.

Procurar produtos

Para encontrar bens emocionantes e promissores para comercializar, viaje para o estrangeiro, responda a inquéritos de fabricantes estrangeiros, participe em feiras comerciais, contacte escritórios de desenvolvimento em embaixadas, explore publicações comerciais e siga leads que encontre na internet.

Fazer a ligação aos compradores

Para encontrar compradores de bens importados ou exportados, recorra a vários canais: plataformas B2B, diretórios do sector e recursos comerciais públicos. Participe também em feiras, eventos do sector, ações de prospeção (chamadas a frio) e estabeleça contactos através de associações e câmaras de comércio.

5. Defina preços e venda os serviços

Determinar o que cobrar e como efetuar a transição dos produtos do fabricante para o comprador é um processo complexo. Deve considerar as melhores opções de envio, embalagem e armazenamento, bem como o valor total do transporte. Muitos negócios de importação e exportação cobram por comissão ou honorários:

Comissão

O lucro obtido depende do volume de unidades vendidas e da comissão aplicada, normalmente entre 10% e 15%. Se o produto for fácil de vender e tiver muita procura, um modelo apenas com comissão pode ser mais simples.

Honorários

Receber honorários significa obter um pagamento fixo previamente acordado. O valor deve refletir o custo estimado da hora de trabalho, salários e benefícios, tempo dedicado à pesquisa de mercado, despesas operacionais e uma margem de lucro sobre a mão de obra, os materiais e os custos indiretos.

Os pagamentos são processados de várias maneiras à medida que os bens percorrem o pipeline de comércio de importação e exportação:

Pagamento antecipado

O exportador recebe o pagamento antes que o produto chegue efetivamente ao comprador, às vezes oferecendo um desconto ou outra vantagem. É normal que os compradores se preocupem com o facto de terem de pagar por produtos que ainda não receberam, razão pela qual o pagamento antecipado é arriscado para os importadores.

Cartas de crédito (LC)

São um compromisso de um banco em nome do comprador. O banco garante que o exportador receberá o pagamento, desde que cumpra os termos e condições da venda. As LCs são ótimas para novos compradores sem grandes históricos de crédito porque o banco garante a transação.

Coletas documentais

Aqui, o exportador delega a cobrança do pagamento ao seu banco (banco remetente), que envia os documentos necessários ao banco do comprador (banco cobrador) e o instrui sobre como efetuar o pagamento. As cobranças documentais tendem a ser mais económicas face às cartas de crédito, mas não incluem um processo de verificação. Caso o pagamento falhe, recorrer de forma legal tem menos garantias.

Contas abertas

Dão a quem importa 30, 60 ou 90 dias para pagar pelos bens após a entrega. Isto beneficia mais o importador do que o exportador, que assume mais riscos, mas o exportador pode adquirir um seguro de crédito para cobrir potenciais pagamentos que não sejam liquidados.

Consignação

O exportador não recebe até que o comprador venda os produtos. O exportador mantém tecnicamente a propriedade dos bens até que a venda seja concluída. Um exportador pode querer procurar este tipo de acordo se quiser aumentar a disponibilidade de produtos e reduzir os custos de armazenamento.

6. Organize a documentação de envio

Eis a documentação de envio mais comum com a qual uma empresa em Portugal terá de trabalhar ao exportar. Esta lista não é exaustiva; deve consultar fontes oficiais, como a AICEP e a Autoridade Tributária e Aduaneira (AT), para obter a lista completa e atualizada. Por via das dúvidas consulte também profissionais da área.

Fatura pro forma

Contém a descrição dos bens e a garantia de fornecimento a um preço e data definidos. Funciona como cotação para negociação e é útil para financiamento, abertura de cartas de crédito e obtenção de licenças.

Fatura comercial

Versão detalhada da fatura pro forma, inclui números de referência, termos de pagamento e dados bancários. É usada pelas autoridades aduaneiras para calcular os direitos e impostos.

Lista de embalagem

Detalha quantidades, tipo de embalagem, peso, dimensões e outras informações logísticas. Serve para que as autoridades aduaneiras possam verificar a carga.

Conhecimento de embarque (BOL)

Contrato entre o expedidor e o transportador para envios por via marítima ou terrestre. É um dos documentos essenciais para a movimentação internacional de mercadorias.

Conhecimento aéreo

Semelhante ao conhecimento de embarque, mas aplicável a transporte aéreo. Inclui informação detalhada para rastreamento da mercadoria durante o envio.

Certificado de origem

Às vezes, este é necessário para cartas de crédito ou a pedido do comprador. Deve ser assinado por um funcionário do governo. Normalmente, utiliza-se um certificado de origem genérico quando não há acordos comerciais entre os países importador e exportador. Um certificado de origem de Acordo de Livre Comércio anula ou reduz tarifas, dependendo da redação do acordo comercial entre os países exportador e importador.

Licença de exportação

Deve confirmar com as autoridades portuguesas competentes, por exemplo, a DGAE, se esta é necessária para a categoria de produtos em questão. Pode ser exigida para bens de dupla utilização, produtos estratégicos ou controlados.

Licença de importação

Em Portugal, a maioria dos produtos provenientes de países terceiros (fora da União Europeia) não necessita de licença de importação. No entanto, existem exceções que exigem autorizações específicas, nomeadamente para produtos alimentares e lácteos, animais e produtos de origem animal, plantas e produtos de origem vegetal, medicamentos, armas, munições, explosivos, materiais radioativos, produtos químicos perigosos e mercadorias contrafeitas ou com marcas registadas.

Para verificar se é necessária uma licença de importação, deve consultar:

• A Direção-Geral das Atividades Económicas (DGAE)
• A Autoridade Tributária e Aduaneira (AT)
• As entidades sectoriais competentes (ex.: DGAV para produtos de origem animal/vegetal, INFARMED para medicamentos e dispositivos médicos).

Declaração Aduaneira de Exportação

Quando exporta mercadorias de Portugal para fora da União Europeia, deve apresentar uma Declaração Aduaneira de Exportação através do Sistema de Controlo das Exportações (ECS) da Autoridade Tributária e Aduaneira. Esta declaração é obrigatória para qualquer envio de mercadorias para países terceiros, independentemente do valor, e serve para efeitos de controlo aduaneiro e estatístico pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) e pela própria AT.