Como abrir um negócio de refeições em 11 passos

Mais do que uma tendência da culinária caseira, o mercado de preparação de refeições vem crescendo de forma consistente nos últimos anos e deve atingir US$ 28 bilhões (cerca de R$ 140 bilhões) até 2028.

Para quem tem espírito empreendedor ou talento na cozinha e deseja levar seus pratos a mais pessoas, esse segmento mostra-se cada vez mais promissor. A seguir, descubra como abrir um negócio de refeições do zero.

Como abrir um negócio de refeições

1. Formalize a empresa e obtenha licenças
2. Alugue um espaço em uma cozinha comercial
3. Defina um nicho de atuação
4. Encontre fornecedores
5. Escolha um formato
6. Invista em embalagens adequadas
7. Busque parceiros de entrega confiáveis
8. Produza fotos de alta qualidade
9. Configure sua loja de e-commerce
10. Crie uma estratégia de marketing
11. Aprimore o negócio com o feedback dos clientes

Seja um restaurante, uma padaria ou uma empresa de marmitas, todo negócio de refeições precisa de bons fornecedores e de um espaço adequado para preparar e cozinhar os pratos. A seguir, confira o essencial para tirar seu negócio do papel.

1. Formalize a empresa e obtenha licenças

Seu empreendimento de refeições envolve todos os passos básicos de começar qualquer tipo de negócio:

• Definir a natureza jurídica
• Desenvolver um plano de negócios
• Garantir financiamento
• Abrir uma conta bancária empresarial
• Obter licença comercial e outras licenças

Por se tratar de alimentos, o processo para obter licenças é mais rigoroso. Além do CNPJ e da licença comercial, será necessário obter o alvará da Vigilância Sanitária, a licença de manipulação de alimentos (ou de catering) e cumprir todas as normas de higiene e segurança alimentar.

Vale lembrar que as exigências podem variar de acordo com o estado ou município, respeitando os princípios fixados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Também é importante verificar os padrões de segurança em cozinhas compartilhadas, fornecedores de ingredientes e distribuidores antes de firmar qualquer parceria.

2. Alugue um espaço em uma cozinha comercial

Produzir alimentos em casa para venda é possível, desde que você cumpra as regras específicas da Anvisa e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para o tipo de alimento, adapte a cozinha para atender os requisitos de higiene e isolamento da área de preparo e garanta a rotulagem adequada para o consumidor.

Já as cozinhas comerciais — também chamadas de cozinhas compartilhadas ou coletivas — oferecem estrutura profissional para quem deseja produzir em maior escala. Além dos equipamentos industriais, muitas contam com câmaras frias e áreas de armazenamento adequadas, garantindo conformidade com as normas de higiene e segurança. Em alguns casos, esses espaços também podem ser usados para aulas de culinária ou eventos, o que ajuda a atrair clientes e dar mais visibilidade ao negócio.

A maioria das cozinhas comerciais exige que você já tenha suas licenças e autorizações em dia antes de alugar o espaço. A vantagem é que muitas delas oferecem orientação para agilizar esse processo. Antes de escolher, faça uma lista dos equipamentos essenciais para o seu negócio (como um processador industrial ou forno de alta capacidade, por exemplo) e verifique se a cozinha consegue atendê-lo.

3. Defina um nicho de atuação

Mesmo que você seja o único a vender refeições na sua cidade, vale a pena escolher um nicho específico. Definir seu público-alvo (como famílias que buscam refeições saudáveis e práticas para crianças), identificar lacunas no mercado (por exemplo, almoços acessíveis para o dia a dia) e destacar uma especialidade culinária vai ajudar a direcionar melhor sua estratégia de marketing e mostrar comprometimento com uma clientela bem definida.

Concentrar-se em um portfólio enxuto de pratos permite investir em qualidade e posicionar seus produtos com mais força no mercado. É mais simples criar e promover uma linha consistente de jantares italianos, por exemplo, do que tentar oferecer ao mesmo tempo smoothies matinais, ramen artesanal no almoço e massas no jantar.

4. Encontre fornecedores

A escolha dos fornecedores vai depender do seu cardápio e da frequência com que pretende renová-lo. É comum trabalhar com diferentes opções ao longo do ano: produtores locais durante as safras de primavera e verão e distribuidores atacadistas ou supermercados na entressafra, por exemplo. Também pode ser interessante usar ingredientes especiais em pratos selecionados — como uma mussarela artesanal para lasanhas e pizzas —, enquanto produtos básicos podem vir de fornecedores atacadistas com bom custo-benefício.

Busque uma combinação de parceiros que esteja alinhada ao seu orçamento e ao posicionamento da sua marca. Avalie critérios como padrões de higiene e segurança, preços, pedidos mínimos, descontos por volume e confiabilidade nas entregas. Teste diferentes fornecedores para comparar qualidade. Afinal, a excelência das suas refeições depende diretamente da qualidade dos ingredientes.

5. Escolha um formato

Existem diferentes modelos de negócios de refeições, e a escolha depende da sua rotina, do planejamento financeiro e das necessidades do público que deseja atender. Confira algumas decisões importantes que você precisará tomar:

Ingredientes ou refeições prontas

Você pode adotar o modelo de kits de refeições, oferecendo ingredientes já higienizados, porcionados e acompanhados de receitas passo a passo — uma opção semelhante a serviços como Liv Up, Pronto Light ou Chef Time. Outra alternativa é disponibilizar refeições congeladas e porcionadas, no estilo “é só aquecer e comer”. Esse formato, adotado pela Cumbuca Boa (saiba mais sobre a empresa a seguir), é ideal para quem tem pouco tempo, mas não abre mão de se alimentar bem.

Assinatura ou pedido sob demanda

Modelos de assinatura oferecem previsibilidade, algo essencial quando se trabalha com alimentos frescos que têm validade curta. Com eles, é possível planejar exatamente quantas refeições produzir e a quantidade certa de ingredientes necessária. No entanto, conquistar uma base de assinantes em um mercado novo pode ser um desafio para marcas ainda pouco conhecidas. Por outro lado, oferecer refeições sob demanda facilita atrair novos clientes, mas exige que os ingredientes sejam adquiridos com antecedência.

Retirada ou entrega

É possível oferecer retirada no mesmo dia diretamente do seu espaço de cozinha comercial ou realizar a entrega aos clientes, seja de forma própria ou por meio de serviços terceirizados. Entregar refeições exige mais cuidados do que outros tipos de produtos. Se você optar pelo modelo de entrega de refeições prontas, é importante considerar a refrigeração ou o congelamento, garantindo que as refeições cheguem em perfeitas condições.

6. Invista em embalagens adequadas

Transportar refeições com segurança da cozinha até os clientes exige embalagens adequadas. Seja para retirada local ou entrega por meio de empresas especializadas, é importante investir em bolsas térmicas, pacotes de gelo e recipientes resistentes. Prevenir vazamentos e a perda de calor ajuda a garantir que as refeições cheguem com qualidade aos clientes.

Inclua instruções claras de preparo ou reaquecimento, além de rótulos nutricionais. Softwares de preparação de refeições, como o ChefPro, podem ser utilizados para gerar essas informações e imprimir os rótulos de forma prática e profissional.

7. Busque parceiros de entrega confiáveis

Muitos parceiros de entrega operam em um modelo semelhante ao de iFood ou Rappi, com entregadores realizando coletas e entregas locais. Dependendo do número e da localização dos clientes, você também pode reservar determinados dias para fazer as entregas pessoalmente. À medida que sua área de atendimento se expande, é possível contar com transportadoras nacionais para envios de maior alcance.

8. Produza fotos de alta qualidade

O filósofo grego Epicuro pode ter inspirado gerações de gourmets a buscar a próxima grande refeição, mas foi o romano do século I, Apicius, quem percebeu primeiro: comemos com os olhos. Para o seu negócio de refeições, siga esse princípio priorizando imagens de alta qualidade, com produtos coloridos e bem iluminados.

A fotografia de alimentos exige atenção a detalhes específicos; então, se os aspectos técnicos parecerem complexos, considere contratar um fotógrafo profissional para transformar sua visão em imagens que realmente despertem o apetite.

9. Configure sua loja de e-commerce

Seu plano de negócios de refeições está definido, as receitas aperfeiçoadas, os ingredientes comprados e sua empresa legalmente autorizada a operar na região. Agora é hora de montar uma loja de e-commerce que destaque suas refeições e facilite a compra pelos clientes. Plataformas como a Shopify permitem que você faça pequenas alterações em elementos como preços e ingredientes rapidamente, além de atualizar páginas e layouts de produtos conforme necessário.

Para criar um site excepcional, siga algumas etapas essenciais: alinhe o design da loja à identidade da sua marca, organize os produtos em categorias para facilitar a navegação, escreva descrições atraentes para cada refeição, proporcione uma experiência de checkout simples e aceite os métodos de pagamento mais utilizados pelo seu público. Para aumentar a visibilidade no Google, incorpore práticas recomendadas de otimização para mecanismos de busca (SEO) em todo o conteúdo do site.

Uma boa taxa de conversão de e-commerce é superior a 3%, mas não se preocupe se os números forem menores no lançamento. Estratégias como oferecer uma refeição grátis, incluir botões de chamada para ação (CTA) e reduzir obstáculos, como tempos de carregamento lentos, podem ajudar a aumentar as vendas.

10. Crie uma estratégia de marketing

Os clientes podem fazer pedidos facilmente em sua loja de e-commerce, mas como atraí-los ao seu site e incentivá-los a comprar? Uma variedade de táticas de marketing pode ajudá-lo a conquistar clientes em potencial e guiá-los pelo funil de vendas. Para obter os melhores resultados, combine diferentes estratégias e canais.

Por exemplo, você pode postar tutoriais de culinária como parte da sua estratégia de marketing para redes sociais. Blogar sobre a história da sua marca pode integrar sua estratégia de marketing de conteúdo. Informe os clientes sobre promoções e descontos por e-mail ou apps de mensagem. Mantenha uma voz de marca consistente em todos os canais e experimente diferentes tipos de conteúdo até descobrir o que mais conecta com seu público.

Se o seu negócio de preparação de refeições for hiperlocal, considere publicidade impressa, como panfletos e anúncios em jornais, ou lojas pop-up em feiras de agricultores e artesanato para dar aos clientes em potencial uma amostra da sua culinária.

11. Aprimore o negócio com o feedback dos clientes

No mundo de hoje, você não quer que seu negócio fique estagnado. Mas quando sentir que é hora de ajustar o menu ou alterar os preços, como saber como seus clientes vão reagir? E como ter certeza de que eles aprovam sua nova embalagem ou as páginas de produtos que você criou? Para isso, é fundamental solicitar feedback dos clientes.

Existem várias maneiras de coletar feedback:

• Redes sociais e sites de avaliação. Verifique comentários e mensagens diretas nas suas páginas de redes sociais, acompanhe menções à marca em diversas plataformas e veja o que as pessoas estão dizendo sobre seu negócio em sites de avaliação como Google e Yelp.
• Pesquisas e enquetes de feedback. Se quiser entender como os clientes se sentem sobre algum aspecto específico do seu negócio, pesquisas e enquetes são ótimas ferramentas. Você pode enviá-las por e-mail ou WhatsApp, ou integrá-las ao seu site de e-commerce.
• Widgets de feedback. Esses pop-ups curtos e diretos no site exigem apenas alguns cliques do usuário, e sua simplicidade geralmente resulta em altas taxas de resposta. A Shopify oferece diversos aplicativos de feedback.

Coletar e responder ao feedback dos clientes é um processo contínuo. Mantenha-se atento às opiniões dos clientes enquanto seu negócio evolui.

Exemplo de negócio de refeições: Cumbuca Boa

A Cumbuca Boa nasceu da união de cinco amigos apaixonados por alimentação saudável que perceberam uma lacuna clara no mercado: comer bem ainda era um desafio. “Comer de forma saudável e com prazer, sem fazer esforços ou sacrifícios, era algo que poucos conseguiam”, lembra Bruno Hornett, fundador e CEO da Cumbuca Boa. A partir dessa percepção, surgiu a ideia de transformar a boa comida caseira em algo acessível e prático — um projeto que começou com refeições frescas por assinatura e evoluiu para alimentos ultracongelados, preparados para manter sabor, textura e nutrientes. Hoje, as refeições da Cumbuca Boa chegam a diferentes regiões de São Paulo, levando conveniência e sabor artesanal a quem busca comer bem sem complicação.

No início, lá em 2016, os primeiros clientes foram amigos próximos — profissionais com pouco tempo para cozinhar, mas que não queriam abrir mão do prazer à mesa. Com o tempo, o público cresceu e passou a incluir pessoas que valorizam uma alimentação equilibrada, saborosa e de qualidade, mas que preferem usar seu tempo de outras formas. 

O crescimento da Cumbuca Boa ganhou força com a migração para a Shopify, escolhida pela praticidade e pela facilidade de gestão. “A plataforma nos permitiu focar na operação e na experiência do cliente, sem precisar de uma grande equipe de tecnologia”, destaca Bruno. Desde fevereiro de 2023, quando passou a contar com a tecnologia Shopify, a empresa vem registrando um aumento expressivo nas vendas e aprimorando a fidelização com recursos como cashback, programa de indicação e cupons. Além disso, a integração com o CRM permite uma visão mais estratégica do comportamento dos consumidores. Para Bruno, o propósito continua o mesmo desde o primeiro dia: “Queremos que as pessoas saibam que estão comendo algo que faz bem, de forma altamente prazerosa, sem precisar se esforçar.” 

Para tornar a primeira experiência do cliente ainda mais prática, a empresa criou um kit de compra inicial com algumas das receitas mais queridas da marca, uma maneira de apresentar o cardápio de forma acolhedora e convidativa. Além dessa atenção ao primeiro contato, a marca também faz questão de manter um relacionamento próximo com seus clientes, colhendo feedbacks diários pelas redes sociais, WhatsApp e site, além de enviar pesquisas de satisfação NPS a cada pedido. Esse diálogo constante orienta melhorias e decisões estratégicas, que hoje são potencializadas pelo uso da tecnologia.

Com o apoio da Shopify, a Cumbuca Boa passou a integrar dados de atendimento e comportamento de compra em um sistema unificado. “A fácil integração com nosso CRM tem sido essencial para uma gestão mais estratégica”, explica Bruno. “Isso nos permite segmentar clientes pela matriz RFV e cruzar essas informações com relatórios da própria Shopify, como o cohort, que oferece uma visão clara sobre o comportamento de recompra. Esses insights nos ajudam a tomar decisões mais precisas e personalizadas.”